terça-feira, 8 de setembro de 2009

O que me veste, é o que sentir!

Coloquei meu tecido novo e por mais que jovem, era um branco quase encardido, desbotado pelo tempo que esperei o momento certo chegar. Era uma saia rodada, bordada com rendas que fiz enquanto aguardava os dizeres com desculpas que auferirias. Porém, nem os dizeres, nem as desculpas e talvez, nem as rendas foram revelados de bom grado. Na cintura, brilhantes, como quem espera o amor chegar, era aquele detalhe de puro, verdadeiro e sincero... Qualquer coisa semelhante a algo que não ousastes sentir! Ela continha umas pregas, um tecido que retorcia sentimentos e amassava as esperanças, como quem retorce e amassa o coração. Quando em ciranda girava, erguia como se sustentasse meu corpo e me contornasse os movimentos. Era a dança da solidão. Seria translúcido o pano daquela saia se não fosse o forro que disfarçasse aquela transparência, assim como certos sorrisos que disfarçam dores encravadas e escondidas. O que me vestia naquele instante, não era o pano que me cobria, nem as rendas que me fizesse bordar, era a solidão que se encontra no branco, no branco desbotado da solidão que me fizeste sentir! “Nada é uma palavra esperando tradução.”

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