sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Meu medo de estrelas e um amor contado.



Quando eu tinha verrugas e medo de contar estrelas, eu já morria de amor. Amava um menino que morava duas ruas antes da minha. E passava de bicicleta todos os dias na frente da sua casa. Não lembro o nome da rua e nem o nome do menino, mas guardo na memória o formato, a cor e textura da caixa do correio de sua casa. Escrevia cartas decisivas e declarações esclarecedoras, e pedalava duas quadras antes da minha, desviando os buracos da rua. Ao chegar perto, corria. Pedalava depressa com medo de ser vista por alguém que nunca existiu. É como eu disse: aos oito anos de idade, medo e verrugas eu realmente tinha, já o amor, eu inventava!