sábado, 8 de agosto de 2020

Quando o sertão se veste de cinza


Quando o sertão perde a cor
E nem a luz do candeeiro ascende
É hora de imaginar um Deus, bicho valente
Que resiste nas secas duras.
É hora de rastejar, procurando a criatura
Que aguarda com doçura os brotos a as sementes.

Quando o sertão se veste de cinza.
E o céu se carrega de dor
Se acalme, bicho valente
Amanhã já tem cor
Na hora certa vai ter fruto
O sertão é resiliente

Quando se escurece, fique crente
Amanhã tem mandacaru com flor 

terça-feira, 26 de maio de 2020

Apetite


Me levei pra jantar. Metade de mim escolheu Pinot Noir. E entre duas e três taças, a outra metade se hidratava. Achei bonito o jeito que eu me cuidei. Me ouvi baixinho, meio tímida, assuntos aleatórios e o jantar chegou. Dizem que vinho abre o apetite, mas também, depois de tantos dias ali, sozinha, convivendo com os silêncios dos carros, eu sentia uma fome capaz de devorar até o impalatável dos olhos vazios. Eu me levei pra jantar e dois vinhos mais tarde, transei comigo mesma. No outro dia, me liguei. Vamo vê no que vai dar...