domingo, 29 de novembro de 2009

Uma designer chamada MaryEllen


Ela chegou logo rabiscando as páginas, puxou um traço ali e repetiu as linhas. No meio dos rabiscos a página já não tão Clara assim, utilizou das cores primárias para sabotar o preto e branco. E das mais simples cores, refez sentimentos e criou confianças. Chamou isso de Design! Recriar, construir, objetivar sentimentos era o tal do Design. Pra mim era arte! Só pessoas delicadas poderiam ser capazes de inventar cores tão vivas. Admito que com o tempo, a gente se afeiçoa com os entretons e brinca com os exageros. Extrapolar as idéias e abusar das formas é um design marcante na personalidade dessa moça. Ela não delineia o esboço, ela cria mais que oscilações nos desenhos, ela definitivamente dança na arte final!


ps: Um texto para uma designer, uma companheira de quarto, uma amiga, uma irmã, enfim, uma macaca!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Quando vocês alcançarem a maioridade.

Para comprar briga comigo é preciso mais que gírias fáceis. É preciso mais que um estilo que está na modinha. Conduzir palavras sem boca ditas chega aos ouvidos certos como gracejos vãos. Para comprar uma briga comigo, é necessária mais que armas de guerra e armaduras de peso. É indispensável uma personalidade autêntica, com palavras concretas com tons afinados. Não espere uma reação minha, se a ação não compensa. Iniciar uma batalha é necessário maioridade. É necessário ter punho não para segurar uma artilharia, mas pra segurar a palavra no ato. Segurar o “isto”, o “aquilo” e o mais atroz de todas as lanças, o “fui eu quem disse!” Não digo que ainda sejam preciso alguns conselhos, noves-fora, astúcia e audácia basta. Só não se esqueça de um bom dicionário, não costumo descer o meu caráter e nem assassinar a gramática!


"Aos meus inimigos, diga apenas que eu não presto!"

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

RG: 3141217


Se não se encontram as digitais, não são as mal formadas linhas que são impressas, é a charada de uma identidade cuja personalidade ainda se contorna enigmática. E por pretexto, deixo as pistas da delinqüência que cometi. Não me esquivo da cena do crime, não possuo polegadas que me inculpem. Por isso faço, por isso nego, por isso passo! Muitas vezes esqueço a identidade que me despida. Um rosto jovem que já não reconheço, os olhos negros que me escurece a face e os cabelos longos que me escorrem. Meu Registro Geral não generaliza fácil, não me distingue, pois me mascara.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O amante vazio.

Gostaria de escrever sobre o vazio entre os lençóis. De como as noites andam se comportando de forma nostálgica. Expor que é preciso mais que cobertas, são necessárias também verdadeiras escalas de fahrenheit para medir o absoluto grau da solidão. O frígido da cama não congela o gosto, ele requenta uma pretensão. Já não desfaço a cama, nem troco os lençóis. Não atraso um sono e nem adormeço antecipada. Já não rezo antes de dormir, mas lamento as luas. Dia após dia a torno mais vazia. Não culpo as noites, mas condeno os meus dias. “Enquanto ela dormia, fiz a canção.” Eu sonho acordada... Adormeço e desperto!

“Eu faço samba e amor até mais tarde e tenho muito sono de manhã.”


sábado, 21 de novembro de 2009

Lu .. Iza


Luiza, ou como era conhecida, Lu, não era o biótipo de menina da noite, gostava de saias floridas com comprimento até o joelho. Lia muito sobre poesia e tinha um ótimo gosto musical. Lú duvidava da astrologia, entretanto lia com freqüência enquanto fazia compras. Acreditava em amor à primeira vista. Disse bem, acreditava! Aos 19 engravidou do seu segundo namorado. Ele falou que ia viajar pra cidade natal, contar aos familiares a novidade e não voltou. Sete meses depois, escorregou do degrau da escola, deslocou a bacia e perdeu Eduarda. Iniciou a faculdade de química e descobriu que não entedia de química alguma, pelo menos a periódica. Teve muitos namorados. Ficou noiva por três anos. Marcos era legal, compreensivo e a apoiava. No ultimo ano juntos descobriram que ele era gay e decidiram morar juntos e abrir um bar. No toalete tinha: Eles, Elas e Todos! Com vinte e sete anos, viajou pra Pipa e descobriu que gostava do urbano. Voltou para casa e encontrou contas atrasadas. Marquinhos foi embora com um tal de “Tinho” e deixou um bilhete dizendo, “você foi a mulher da minha vida e o empreendedorismo que mais me rendeu, o bar é teu!” Pintou o bar de cereja, decorou com uns quadros e artes bem coloridas, espalhou panfletos e reformou o bar. Gastou mais do que podia, devia 16 mil ao banco. Pensou em largar tudo e voltar pra Pipa. Reabriu o bar com o nome de “Just Like a Woman”. Para sua surpresa, a freqüência de heterossexuais foi maior. Num domingo pesado, por volta das 4h55min, entra um homem, ascende um cigarro e pede um Domec. Ela o viu só, sentiu um frio na barriga, entrou no banheiro, lavou o rosto e cantou, “Fundamental é mesmo amor, é impossível ser feliz sozinho”. Chegou aos 28 anos com uma divida paga e sem medo dos 30. Conheceu um gringo. Hoje, conhecida com Iza, não usa unhas vermelhas e ainda não fez uma tatuagem. Gosta de prender os cabelos com duas tranças raízes. Um tanto meio fora de moda, mas ficam engraçadas no final da noite, as mechas caem na media do ritmo da noite. De uns tempos para cá resolveu deixa a cor natural dos cabelos, ela cansou do chocolate apimentado. Anda de bicicleta no centro da cidade e está pensando em comprar um carro para poder viajar com o Gustaf. Tem um Dog Alemão chamado de Garçom, que por noites frequenta o “Just Like a Woman”. Descobriu que tem outro irmão que mora numa cidade litorânea e é médico. Aos vinte e nove anos, adotou uma menina que a ajudava limpar a calçada do bar de manhã cedinho. Descobriu que ta devendo 6 mil de imposto de renda. Ela cresceu e não percebeu que agora tinha que fazer essas coisas. Perguntei o que ela achava se eu escrevesse uma ficção sobre isso, ela disse, “não se esquece de falar que no meu bar só toca bandas femininas!”

domingo, 15 de novembro de 2009

Uma noite de marionetes.

Te ver é fácil! Passo a vista por cima, lanço um “oi” rápido. Em algumas encenações, como aquelas em que a noite seria de muitos aplausos, chegamos até a contracenar em um abraço amistoso. A noite está apenas começando e muitos atos ainda estão por vir. E pelo parecer da interpretação estamos bem ensaiados. Com o nervosismo o que é normal pra estreantes, cometo alguns vacilos e deixo a platéia perceber o impasse errado. Mas nada que a emoção não controle. Em peças desse gênero, ainda não estou habituada.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Aproveitei o contratempo.

Sem jeito, ele pedia apenas que ela economizasse nos detalhes. Ela ria com uma pureza tão constante. Aproveito-me desse momento para escrever querido leitor! Tão apaixonados... Foram então os primeiros dos inquietos sentimentos da juventude. Entre acusações infantis e promotorias publicas, era uma estória de amor! Ela me contava os detalhes do momento importuno em que ele assumiu a vontade de tê-la! Cabisbaixo, com um sorriso de lado, concordava entre algumas linhas, discordava com algumas vergonhas. Perdoe leitor, aproveitei-me do instante! É raro amores assim. Nunca tive um, inclusive! Voltando ao constrangimento de amar pela primeira vez... Foi uma atuação impecável até a mocinha concretizar o sentimento. Ele meio que perdido, flutuava entre as nuvens e se embebedava de vontades. Aproveite-me leitor para transformar um romance em conto de ficção! Mas desde mão garanto, não é tão fácil imaginar estórias como essas numa noite de quinta-feira, uma e meia da madrugada!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A insustentável leveza do "Amar"


Para escrever sobre os amores que tive, precisei concluir o bacharelado em letras apagadas. Foram muitos! Mas não por indecência minha, me apaixono pelos instantes. Não conto os amores, eu conto as aspirações, e em cada um deles amei verdadeiramente. Fui um pouco deles e antes de deixá-los, deixei em cada um deles um pouco de mim. Guardo em mim tudo que ainda posso lembrar. Minha memória é fraca, contudo isso não quer dizer que esqueço os instantes, mas guardo deles o que uma seletiva memória ampara suportar. Assim como veio muitos amores, muitos se foram! Às vezes em mim, acho alguns persistentes. Com estes sim, preferiria esquece os instantes e só lembrar o que poderia esquecer. Os que vão rápido da memória foram com certeza os mais intensos. A intensidade é sempre breve. E o breve é sempre prazeroso, capaz de se perpetuar. Em conflitos, me pergunto se amei a todos. Amar é fácil, principalmente quando você se envolve com o tempo. O tempo, inclusive, é o melhor de todo os amantes! Só ele chega na hora certa, só ele acaba na hora exata!

“Quero amar... Quero amar não sei a quem, a mulher que vive bem ninguém vive sem amar.” (Chico Correa)

domingo, 8 de novembro de 2009

Retração

Sou impulsiva! Talvez essa seja uma característica que admiro em mim. Pra alguns, isso é perigoso, agir por impulsividade em outros olhos é como fazer sem pensar. Pra mim, é conseqüência de uma insuportável vontade. Em muitos instantes, sou pacifica em algumas batalhas, rendo-me com bandeiras brancas na impulsividade de cessar conflitos. Não entenda certas atitudes minhas como impensadas. Aprendi a viver o hoje sem medo sofrer. Calejadas vontades dói mais que marcas cicatrizadas. Para onde vou com minhas vontades é o que quero descobrir. Tenho pensado muito em coragem, mas pouco tenho falado sobre ela. Algumas vontades poderiam ficar caladas, silenciadas, poderiam ficar guarda em mim como uma coisa reprimida. Mas essa falta de coragem me sufoca. Sei até onde posso ir, e por essa impulsividade, passa a existir alguma coragem de tentar. Porém, se tal coisa não fluir, por impulsividade, chuto o balde e corro pra outra!

Silenciar algumas vontades é de certa forma admitir negá-las.

Domingo


Vou voltar a ver um filme. Quem sabe algo surpreendente toque minha campainha. Quem sabe a pipoca acabe e eu precise descer até a vendinha. Ou melhor, quem sabe eu sinta sede e volte a beber Guaraná Brama. Vou escolher um filme bem colorido e vou apagar todas as luzes. Mas quem sabe o preto e branco me Clareia mais a mente. Não, não! Não quero Clarear esse domingo. Quem sabe eu assista ao filme no laptop e adormeça na cama. Quem sabe eu vá pro sofá e desista de assistir um filme. Tenho manias feias de deixar tudo pela metade. Quem sabe na poltrona eu leia quadrinhos enquanto passar os créditos do filme. Directed by: God! Enquanto o filme passa, olhos os minutos que falta. Não que o filme seja desinteressante, mas resta pouco tempo para o desfecho. Será que eles voltam a se ver? Nessas horas, escolho filmes que já assistir, posso me desconcentrar enquanto o filme roda. O filme acaba, e nem o interfone tocou. Troco de roupa, coloco o pijama, ligo a TV e abro uma cerveja.

Música da vez: Lelê


"Lelê, porque tu foi embora?/ Porque me deixasses aqui?/ Ah Lelê, eu penso em tu toda hora./ Tu nunca me deixou só/ Tu nunca me deixou sem/ Tu me enfeitava de flor, Lelê/ Me chamava de meu bem./ Me deu estidinho branco/ Deu sandalhinha de couro/ Ai, Lelê, se tu não voltar,/ Eu juro que de saudade eu morro./ De noite faz tanto frio/ No peito espinho de palma/ Não me peça pra ter calma/ Não me peça pra ter calma/ Vou assanhar meus cabelos/ Vou borrar o meu batom/ Vou batucar no terreiro/ Te xingar fora do tom."

Chico Correa

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Pra quem atira a primeira pedra!


O tempo que me sobra me falta palavras. Perguntam-me como andam as minhas meticulosas letras. Em tempos penso em voltar a escrever, falar sobre os vazios que preenchem almas. Falar sobre o branco que assisto, a angustia que me entorpece e um desalento do próprio cotidiano. É uma calmaria que por noites me sufoca, por longos dias me enfada. Preciso de movimentos! E não adianta os sapatos que calço, as calçadas que trafego. Os semelhantes caminhos que ainda me perco. Ando onde me decorrem os medos, onde as palavras soam sem bocas ditas. Caminho por tempos que não me deixa só, a inquisição julga outra vez a minha história, julga meus pensamentos, julgam projeções que não sou.

Tirem as mascaras, revelem-se! Não queimem em suas próprias fogueiras, enquanto eu planto os meus princípios!

domingo, 1 de novembro de 2009

The End, Como Nos Filmes!


Quando eu apagar as luzes, entenda que o espetáculo acabou. Que a Claridade que me formava, resumem-se as pequenas frestas de luz. Quando eu apagar a luzes, não respeite somente a escuridão que me venda os olhos, poupe também os sons, os tons, os agudos que desafinamos. Eleve os sentidos, se habitue às lembranças, relembre os objetos, ande devagar, palpei mais o que te rodeia. Quando eu pagar as luzes, evite esbarrar com algo que possa te ferir, andar no escuro é perigoso. Quando eu apagar as luzes, vou adormecer mais rápido e você vai despertar mais sereno. Guarde consigo a Claridade que já conheceu, quando eu apagar as luzes.