sábado, 21 de novembro de 2009

Lu .. Iza


Luiza, ou como era conhecida, Lu, não era o biótipo de menina da noite, gostava de saias floridas com comprimento até o joelho. Lia muito sobre poesia e tinha um ótimo gosto musical. Lú duvidava da astrologia, entretanto lia com freqüência enquanto fazia compras. Acreditava em amor à primeira vista. Disse bem, acreditava! Aos 19 engravidou do seu segundo namorado. Ele falou que ia viajar pra cidade natal, contar aos familiares a novidade e não voltou. Sete meses depois, escorregou do degrau da escola, deslocou a bacia e perdeu Eduarda. Iniciou a faculdade de química e descobriu que não entedia de química alguma, pelo menos a periódica. Teve muitos namorados. Ficou noiva por três anos. Marcos era legal, compreensivo e a apoiava. No ultimo ano juntos descobriram que ele era gay e decidiram morar juntos e abrir um bar. No toalete tinha: Eles, Elas e Todos! Com vinte e sete anos, viajou pra Pipa e descobriu que gostava do urbano. Voltou para casa e encontrou contas atrasadas. Marquinhos foi embora com um tal de “Tinho” e deixou um bilhete dizendo, “você foi a mulher da minha vida e o empreendedorismo que mais me rendeu, o bar é teu!” Pintou o bar de cereja, decorou com uns quadros e artes bem coloridas, espalhou panfletos e reformou o bar. Gastou mais do que podia, devia 16 mil ao banco. Pensou em largar tudo e voltar pra Pipa. Reabriu o bar com o nome de “Just Like a Woman”. Para sua surpresa, a freqüência de heterossexuais foi maior. Num domingo pesado, por volta das 4h55min, entra um homem, ascende um cigarro e pede um Domec. Ela o viu só, sentiu um frio na barriga, entrou no banheiro, lavou o rosto e cantou, “Fundamental é mesmo amor, é impossível ser feliz sozinho”. Chegou aos 28 anos com uma divida paga e sem medo dos 30. Conheceu um gringo. Hoje, conhecida com Iza, não usa unhas vermelhas e ainda não fez uma tatuagem. Gosta de prender os cabelos com duas tranças raízes. Um tanto meio fora de moda, mas ficam engraçadas no final da noite, as mechas caem na media do ritmo da noite. De uns tempos para cá resolveu deixa a cor natural dos cabelos, ela cansou do chocolate apimentado. Anda de bicicleta no centro da cidade e está pensando em comprar um carro para poder viajar com o Gustaf. Tem um Dog Alemão chamado de Garçom, que por noites frequenta o “Just Like a Woman”. Descobriu que tem outro irmão que mora numa cidade litorânea e é médico. Aos vinte e nove anos, adotou uma menina que a ajudava limpar a calçada do bar de manhã cedinho. Descobriu que ta devendo 6 mil de imposto de renda. Ela cresceu e não percebeu que agora tinha que fazer essas coisas. Perguntei o que ela achava se eu escrevesse uma ficção sobre isso, ela disse, “não se esquece de falar que no meu bar só toca bandas femininas!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário